
JARDIM DAS PEDRAS
Memória descritiva

Planta de Implantação

Memória descritiva
Serve
a presente Memória Descritiva referente ao sítio Jardim das Pedras situado na Serra de Feital, freguesia Vila Franca
das Naves, Concelho de Trancoso.
Enquadramento:
A
área onde se integra a proposta, o Jardim
das Pedras, perfazendo um total de 58.000m2, cerca de 6 ha, localiza-se na
Região da Beira Alta, município de Trancoso. Pretende-se fazer uma aproximação
a algumas características do espaço, sabendo de antemão que se trata de um jardim. O nome jardim é um pretexto, nesta breve análise, de introdução ao
pensamento do espaço, salientando alguns dos elementos que julgamos ser
próprios da sua denominação: o Relevo
(a topografia, a vegetação, a água), os Limites
(circulação, estanqueidade) e as Pedras
(elemento de exposição, valor e cultura).
Para
cada elemento apresentamos uma figura em esquema, na tentativa de estender
nesta descrição um arquivo de imagens das suas características.

1.
Relevo:
O Jardim insere-se numa encosta junto ao topo da
Serra do Feital, acerca de 800 m de altitude. O intervalo altimétrico da sua
cota mais baixa à mais alta é de 20 m aproximadamente, num comprimento médio de
terreno de 280m.
Na área circundante, pertencente à Serra do Feital,
verifica-se, à semelhança da paisagem da região, áreas descobertas destinadas à
pastorícia e alguma agricultura, com vegetação arbustiva, ocupação de vegetação
infestante como no caso das giestas, muitas vezes interrompidas por
castanheiros, carvalhos ou por extensões de pinhal.
A Área do Jardim está mais exposta ao Sol a
nascente e sul, mas também a poente, tomando proveito da sua disposição entre vales.
Embora ocupando apenas uma das encostas da Serra, na extensão do Jardim podemos
encontrar várias variações de pendentes, mais ou menos inclinadas, que lhe
trazem alguma diversidade topográfica, que pode alargar uma relação mais ou
menos franca com o horizonte e paisagem circundantes.

2.
Limites do jardim
O Jardim é delimitado por dois caminhos, a sul e
nascente, ladeados por muros de pedra granítica, em junta seca. Da parte
limítrofe norte, a mais alta, encontramos uma zona menos inclinada, assim como
uma zona de vale talhado pelo curso de água. A circulação no jardim e seu
acesso é feita quer através de trilhos pedestres como em campo livre.
Para
além do que constituem os possíveis limites da sua área, avançamos também no
que talvez seja impossível ser limitado, num espaço deste carácter. Não podemos
deixar notar na água, no vento e inclusive na vida animal, no seu modo e
presenças, uma estanqueidade do jardim ao exterior talvez inexistentes.
A
zona de jardim é varrida do topo ao seu sopé por cursos de água, correndo no
substracto do solo, ou muitas vezes à superfície. Sendo esta uma zona de
cabeceira de ribeiros de água e de elevada pluviosidade, esta encontra-se um
pouco por toda a parte, presente durante todo o ano. O vento, igualmente um
elemento trespassante, é predominante das direcções de Noroeste e Sudoeste, encontrando-se os sítios a seu refúgio,
expostos a nascente.

3.
As Pedras
A área representa uma das maiores concentrações
de pedras da Serra. No esquema em cima apresentamos o que pode ser um breve
mapa da sua distribuição, procurando destacar algumas aflorações de pedras mais
altas, ou mais baixas de grandes dimensões, assim como de maior dispersão.
Esta zona pedregosa, maioritariamente composta
por granitos, apresenta uma variedade de formas, dimensões, agrupamentos,
marcas, vestígios, às quais as pedras se exprimem, definido, vez a vez um
carácter renovador do espaço, talvez pela orientação, percepção, imagem,
circulação e conforto procurados.
Lisboa,
14 Abril 2014
Pedro
Januário
Arquitecto OA 15953